Governo perdeu janela de negociação com os EUA, avalia Abag

Governo perdeu janela de negociação com os EUA, avalia Abag

Na atual guerra tarifária, o governo federal perdeu a janela de negociação com os Estados Unidos e seu presidente, Donald Trump. A opinião é de Luiz Carlos Corrêa Carvalho, conhecido como Caio Carvalho, presidente da Abag (Associação Brasileira do Agronegócio).

Segundo ele, a guerra tarifária poderia ter sido evitada caso o governo federal tivesse agido a tempo. Principalmente a sobretaxa de 40% aplicada ao Brasil no início de julho, que, somada aos 10% anunciados em abril, gerou um total de 50% sobre os produtos brasileiros.

“A gente entende que a negociação deveria ter começado antes”, afirmou Carvalho a jornalistas durante coletiva de imprensa realizada como parte da programação do 24º Congresso Brasileiro do Agronegócio, nesta segunda-feira (11), em São Paulo.

Ele elaborou: “Estou aqui ladeado de gente do agro, e o agro tem janelas: a do momento de preparar o solo, a do plantio, a da colheita. Quando eu perco uma janela, vou ter problemas. Nós tivemos janelas negociais antes, e a gente perdeu essas janelas. Agora, estamos expostos a um processo negocial mais complexo”.

A fala ecoou uma crítica feita ao governo federal por Romeu Zema, governador de Minas Gerais, durante participação no evento. Segundo ele, a estratégia do governo foi errada, e o certo era Lula ter viajado aos EUA em abril, assim que Trump falou em um tarifaço.

“O governador Zema conhece as janelas. O discurso dele é exatamente o nosso”, comentou Carvalho, da Abag.

Questionado por The AgriBiz sobre quando foi essa janela e sobre quem perdeu a oportunidade, se exclusivamente o governo federal ou também os governos estaduais e o setor privado, Carvalho respondeu que a responsabilidade era do governo federal.

O presidente da Abag criticou “a questão do impacto ideológico” na relação entre o presidente do Brasil, Lula, e o norte-americano Donald Trump — durante a campanha presidencial nos EUA, Lula chegou a defender a vitória de Kamala Harris, do partido Democrata, que acabou sendo derrotada por Trump.

“Veja, tivemos as eleições [nos EUA], e sabíamos o posicionamento dos candidatos. Um deles ganhou, e sabíamos o que ele ia fazer. Nesses casos, normalmente o setor privado é chamado a fazer parte de um diálogo visando uma negociação”, afirmou Carvalho.

E completou: “Alguns países acharam que o correto era esperar, enquanto outros passaram a negociar. O setor privado no Brasil iniciou conversas com seus pares, mas chegou em um ponto em que não temos uma ponte de negociação para seguir em frente.”

Nesse contexto, afirmou o presidente da Abag, resta ao País torcer por novidades positivas com relação a itens que ainda não foram eximidos da sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros, como café e carnes. E, em paralelo, observar outras questões, como as negociações entre EUA e China em torno do fornecimento de soja, para evitar prejuízos comerciais ainda maiores.

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