Howard Lutnick, secretário de comércio dos EUA, fala sobre tarifas no café

Luz no fim do túnel? EUA mostram brecha para isentar café

O secretário de comércio dos EUA, Howard Lutnick, sinaliza que alimentos sem oferta local podem ser isentos | Crédito: Schutterstock

A três dias da entrada em vigor da sobretaxa de 50% sobre os produtos brasileiros, na próxima sexta-feira (1/8), os Estados Unidos talvez tenham sinalizado uma brecha para isentar o café e outros produtos relevantes na pauta de exportação do Brasil.

Em uma entrevista ao canal americano de notícias CNBC nesta terça-feira (29), o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, disse que, ao fechar um acordo, o presidente Donald Trump tem isentado de tarifas produtos agrícolas que não têm oferta local.

“Sobre recursos naturais, o presidente incluiu que quando ele fecha um acordo [tarifário], se um país produz algo que nós não produzimos, esse produto poderá entrar com [alíquota] zero”, afirmou o secretário.

Lutnick completou: “Se fecharmos um acordo com um país que produz manga ou abacaxi, esses produtos poderão entrar sem tarifa. Café e cacau seriam outros exemplos de recursos naturais isentos”.

Tido como um dos principais aliados de Donald Trump e considerado o homem por trás da estratégia das tarifas comerciais, Lutnick fez a afirmação em uma resposta a uma pergunta sobre o acordo recentemente fechado pelos EUA com a União Europeia.

O secretário não falou diretamente sobre o exemplo do Brasil. Mas a UE não exporta café e manga para os Estados Unidos. Para os exportadores brasileiros, ficou a dúvida: pintou a luz no fim do túnel, com uma possível brecha para uma isenção do café e de outros produtos?

O mercado de café parece ter reagido à declaração do braço direito de Trump. Por volta das 13h, o contrato de primeiro vencimento caía mais de 3% na Bolsa de Nova York.

Lobby intensificado

Nas últimas semanas, empresas de café e associações setoriais nos EUA e no Brasil intensificaram as tentativas de criar uma exceção tarifária para o produto.

Os principais argumentos são a forte demanda pelo café brasileiro, a inexistência de lavouras de café nos EUA, e as perspectivas de inflação e desemprego no país com a sobretaxa de 50%.

No primeiro aspecto, o entendimento do setor é de que os EUA não têm de onde comprar o café que importam do Brasil. O país tem o maior consumo do mundo, com 76% da população afirmando tomar café diariamente, e cerca de um terço (34%) do total vem do Brasil.

No segundo e no terceiro pontos, a aposta é que Trump cederá diante das perspectivas de inflação, desemprego e perdas na economia que a sobretaxa no café representaria.

O Brasil exporta majoritariamente grãos verdes para os EUA, onde ocorre a maior parte dos processos de agregação de valor, como a torrefação. Por isso, uma taxação de 50% refletiria diretamente em alta de preços e inflação no mercado local.

Além disso, um estudo da National Coffee Association, a principal associação da indústria norte-americana de café, demonstra que cada US$ 1 que os EUA gastam importando café do Brasil gera US$ 43 na economia americana. Segundo o estudo, o café representa 1,2% do PIB dos EUA e gera 2,2 milhões de empregos.

Definições até sexta-feira

Na entrevista à CNBC, Lutnick afirmou ainda que, com exceção da China e da UE, os detalhes sobre as condições comerciais com todos os países serão definidos até 1º de agosto, a data anunciada por Trump para a entrada em vigor das tarifas.

“Teremos tudo pronto até sexta-feira”, disse Lutnick.

No caso da Europa, Lutnick afirmou que autoridades dos EUA e da UE continuam trabalhando juntas em temas como as tarifas incidentes sobre aço e alumínio, assim como no detalhamento das regulações sobre serviços digitais anunciadas no último domingo.

Já com relação às conversas com a potência asiática, Lutnick afirmou que são “uma coisa à parte, independente, com uma equipe própria de negociação”.

Em outra entrevista concedida na segunda-feira à Fox News, o secretário afirmou que uma extensão por 90 dias da trégua comercial com a China, atualmente em negociações com autoridades norte-americanas em Estocolmo, na Suécia, é provável — mas a decisão final caberá a Trump, disse.

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