Café preços

O café vai ficar mais caro. Indústria reajusta preço em até 15%

O preço do café vai subir, outra vez.

Segundo a Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café), que representa mais de 500 indústrias torrefadoras no País, nos próximos meses todas as classes de cafés terão reajustes de entre 10% e 15%.

Os aumentos devem chegar às prateleiras dos supermercados já a partir da semana que vem, segundo Celírio Inácio da Silva, diretor-executivo da Abic.

“O ajuste vai ser repassado a partir de agora, de acordo com a política comercial de cada associada da Abic. Em alguns casos, os novos preços foram comunicados ao varejo no início do mês. Como os supermercados só foram às compras a partir do dia 15, a partir da semana que vem o reajuste deve chegar às prateleiras.”

Segundo Pavel Cardoso, presidente da Abic, os aumentos se devem à combinação de dois fatores: os estoques da indústria em níveis historicamente baixos, tanto no Brasil quanto no exterior, e a frustração das expectativas para a safra 2025, que impôs um peso maior sobre as projeções para a safra 2026.

“Em abril, houve uma correção para cima — que considero controversa — na projeção para a safra 2025 que, depois, em junho, foi frustrada quando ficou clara a falta de rendimento na colheita. Os cafés não chegaram aos armazéns no volume esperado. Com isso, o peso da expectativa pela safra 2026 ficou maior”, explicou Pavel durante coletiva de imprensa para apresentação dos dados quadrimestrais da Abic.

Segundo ele, isso joga os holofotes sobre o clima, cuja imprevisibilidade gera a volatilidade que marcou as cotações internacionais do café nas últimas semanas — o preço oscilou quase 40% em um período de dez dias em agosto.

Além disso, a indústria nacional entrou em 2025 desabastecida, diz Pavel. “No relato dos associados, o encurtamento da cobertura de mercado foi da ordem da metade. Se antes tinham estoques para 8 semanas, agora têm para 4.”

Esse movimento acompanha o contexto global. “Os estoques mundiais foram exauridos a partir da quebra de safra histórica de 2021. Embora os países e as indústrias se reservem o direito de não declarar estoques, a própria volatilidade das cotações é um indicativo evidente de que estão em níveis baixos.”

Nesse contexto, a indústria — não só no Brasil — precisou ir às compras para honrar seus compromissos com o varejo, justamente em um momento de alta dos preços. “Em setembro, percebemos uma correria da indústria para comprar café”, diz Silva.

E, na visão da Abic, a safra atual não vai ser suficiente para recompor os estoques, ainda que se confirmem as boas projeções climáticas — por exemplo, a consolidação das chuvas nas regiões produtoras esperada durante a fase da florada.

“O que a gente estima é que precisaria de umas três safras muito boas para recompor os estoques. A Conab já até deixou de fazer o estoque regulador por entender que não tem mais volume suficiente de estoque para reposição”, afirmou Silva.

Vendas em queda

A Abic divulgou hoje seus resultados para o segundo quadrimestre do ano, com quedas nos principais indicadores.

No acumulado dos quatro meses no período, as vendas caíram 5,46%, de 5,1 milhões de sacas para 4,8 milhões de sacas. Na comparação ano a ano, a queda foi mais acentuada (-11,33%) em julho deste ano frente ao mesmo mês de 2024.

Mas mesmo com a queda nos indicadores de vendas e a previsão de aumento de preços, a Abic vê com otimismo o comportamento do consumo para o próximo quadrimestre, com base nos números ainda não fechados de setembro.

Segundo o presidente Pavel, ao contrário de outros itens da cesta básica, que sentem redução no consumo diante de aumentos nos preços, o café é mais resiliente.

“A gente costuma dizer que o café é resiliente da planta à xícara. Os dados ainda parciais de setembro mostram um crescimento no consumo, mesmo em meio ao aumento de preços, que nos leva a crer em um resultado surpreendente para o próximo quadrimestre.”

Mercadante defende democratizar acesso ao mercado de capitais

Mercadante defende democratizar acesso ao mercado de capitais

Conselho da Petrobras aprova volta da distribuição de gás de cozinha

Mais de 60 países querem replicar programa Gás do Povo, diz ministro

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *