Senado discute projeto mais amplo contra ‘barreiras arbitrárias’ na véspera de tarifaço de Trump

Senado discute projeto mais amplo contra ‘barreiras arbitrárias’ na véspera de tarifaço de Trump


RAPHAEL DI CUNTO E THAÍSA OLIVEIRA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

Na véspera de o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar um tarifaço que pode atingir produtos brasileiros, a CAE (Comissão de Assuntos Econômicos) do Senado Federal iniciará nesta terça-feira (1) a discussão sobre projeto de lei para permitir a “adoção de medidas de proteção aos produtores nacionais contra práticas ilegais e desleais de comércio ou barreiras arbitrárias”.

O projeto se soma a outro, patrocinado pela bancada ruralista, que estabelece medidas para reciprocidade ambiental nas negociações com outros países. A relatora, senadora Teresa Cristina (PP-MS), ampliou o escopo após conversas com o governo Lula (PT) e autorizou também a atuação contra barreiras comerciais ou trabalhistas.

O avanço desse tema é uma reação às tarifas aplicadas por Trump em produtos brasileiros, como aço e alumínio. O presidente dos Estados Unidos promete anunciar uma nova rodada de taxas nesta quarta-feira (2) contra diversos países que considera terem práticas desleais de concorrência contra empresas nos EUA. Os detalhes e a amplitude do tarifaço ainda não foram divulgados.

O novo projeto a entrar em discussão no Senado já foi aprovado pela CRE (Comissão de Relações Exteriores) ano passado, com o objetivo de criar uma “Lei Geral do Comércio Exterior”, com regras e procedimentos para serem adotados nestas operações. Agora, o relator da proposta na CAE, senador Fernando Farias (MDB-AL), sugeriu modifica-la para permitir a “defesa comercial” do Brasil.

“Respeitados os acordos internacionais dos quais o Brasil faz parte, fica resguardada, sempre que necessária, a adoção de medidas de proteção aos produtores nacionais contra práticas ilegais e desleais de comércio ou barreiras arbitrárias adotadas por outros países ou blocos econômicos”, diz o artigo incluído pelo senador no projeto.

Na avaliação de especialistas em comércio exterior, o novo texto é mais amplo e aberto do que o adotado por Teresa Cristina, o que abre margem para diversas ações por parte do governo. A leitura do relatório deve ocorrer nesta terça-feira na sessão da CAE, mas a votação pode ficar para a próxima semana por um pedido de vista para que os senadores analisem o assunto por mais tempo.

Presidente da CAE, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) disse que é preciso aprimorar a legislação para que o país possa fazer a opção pela reciprocidade caso necessário. “Estamos dotando institucionalmente o Brasil de instrumentos que eventualmente possam ser utilizados. Não significa que serão utilizados ou não”, afirmou.

A proposta sobre a reciprocidade ambiental e comercial tramita de forma terminativa e será encaminhada direto para a Câmara dos Deputados, sem passar pelo plenário do Senado, se não houver recurso após a aprovação na CAE. Já o projeto da Lei Geral de Comércio Exterior terá que ser analisado pelo plenário.

Para o relator, Fernando Farias, o projeto consolida e moderniza a legislação sobre o tema, que está “fragmentada e defasada”. “Alinhado às melhores práticas internacionais, o PL estabelece regras claras para a regulação, fiscalização e controle das operações de importação e exportação, promovendo segurança jurídica, previsibilidade e simplificação de procedimentos”, disse.

Procurados, os Ministérios do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços e das Relações Exteriores preferiram não comentar por se tratar de proposta em discussão no Legislativo.

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