🌍 Panorama do Acordo: Revisões, Desembolsos e Metas
A Argentina e o Fundo Monetário Internacional (FMI) mantêm uma relação complexa desde 2018, quando o país contraiu um empréstimo de US$ 44 bilhões para enfrentar crises fiscais e de hiperinflação. Sob o governo de Javier Milei, iniciado em dezembro de 2023, as negociações ganharam novo fôlego, com revisões frequentes e desembolsos parciais:
- US$ 4,7 bilhões liberados em fevereiro de 2024 após a aprovação da sétima revisão do programa, mesmo com metas não cumpridas no governo anterior .
- US$ 800 milhões em maio de 2024, após melhorias na estabilidade macroeconômica e superávits fiscais .
- Quase US$ 1 bilhão em janeiro de 2025, após a oitava revisão, destacando o “desempenho melhor que o esperado” na redução da inflação e na consolidação fiscal .
O acordo atual exige metas ambiciosas: superávit de 2% do PIB em 2024, acúmulo de US$ 10 bilhões em reservas internacionais e eliminação da emissão monetária para financiar gastos .
📉 Contexto Econômico: Inflação, Recessão e Ajustes Dolorosos
A Argentina enfrenta desafios históricos:
- Inflação de 211,4% em dezembro de 2024, a mais alta do G20, apesar de desaceleração recente .
- Queda de 2,8% no PIB em 2024, revertendo projeções anteriores de crescimento, devido aos efeitos das reformas de austeridade .
- Cortes de gastos públicos em 35-39% em 2024, impactando serviços sociais e aumentando a pobreza .
Milei implementou uma “terapia de choque”: desvalorização do peso em 118%, redução de subsídios e tentativas de aprovar a Lei Ônibus (300 medidas para reformar o Estado), ainda pendente no Congresso .
⚖️ Desafios: Entre a Austeridade e o Risco Social
As condições do FMI geram tensões:
- Impacto Populacional: Medidas como cortes em aposentadorias e programas sociais aumentaram a insatisfação, com greves frequentes e protestos .
- Risco de Default: A dívida de US$ 403,8 bilhões (88,4% do PIB) mantém o país na “zona de perigo”, com 33,4% dos vencimentos concentrados em 2024 .
- Dependência do FMI: O país responde por 20% da carteira de empréstimos do FMI, superando Egito e Ucrânia .
Analistas alertam que o acordo atual pode ser uma “bola de neve”, já que parte dos recursos é usada para pagar o próprio FMI, limitando o alívio econômico real .
📈 Reações do Mercado: Otimismo Cauteloso
Apesar dos riscos, o mercado reagiu positivamente:
- S&P Merval subiu 82,1% desde a eleição de Milei, refletindo confiança nas reformas .
- Reservas internacionais aumentaram para US$ 27,6 bilhões em 2024, após desvalorização cambial .
- Classificação de risco melhorou, atraindo investidores internacionais .
No entanto, o dólar blue (paralelo) atingiu 1.195 pesos, e a volatilidade persiste devido à incerteza política .
🔮 Perspectivas Futuras: O Que Esperar?
- Sucesso Limitado: O FMI elogiou as reformas de Milei, mas reconhece que a trajetória dependerá da aprovação da Lei Ônibus e do controle da inflação.
- Pressão Social: Protestos e resistência no Congresso podem frear ajustes, como já ocorreu com a redução no ritmo de cortes de gastos em 2025.
- Cenário Global: A Argentina serve como estudo de caso para crises de dívida, mostrando como reformas radicais podem estabilizar economias, mas a custos sociais elevados.
🧠 Análise Final: Vitória Política ou Armadilha Econômica?
O acordo com o FMI é uma vitória política para Milei, consolidando sua imagem como reformista. Para investidores, a Argentina oferece oportunidades de alto risco: títulos públicos podem valorizar-se com acordos bem-sucedidos, mas falhas podem gerar volatilidade em mercados emergentes.
Fontes: CNN Brasil, Forbes, Poder360, Seu Dinheiro.